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sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Milagre de Natal!


Algumas coisas são inexplicáveis. Inacreditáveis mesmo. Explico. Fui ontem à noite em uma cantata de Natal. Festinha de escola. Programinha caseiro...


As apresentações foram acontecendo em sua normalidade, até que no final... ops. O que é isso? Leonard Cohen!!! Isso mesmo. Da incredulidade passei ao despeito: como se atrevem a cantar uma música do bardo canadense? Fã é assim: não quer saber de dividir nada com ninguém... 

Nas rodinhas de conversa, sempre que alguém falava de Bob Dylan eu emendava: Leonard Cohen é melhor, mas não é reconhecido! Cara de espanto geral! Ainda completava: a carreira de cantor é secundária, ele é escritor, romancista. Ninguém conhecia e eu mantinha minha fama de A Enciclopédia!

Ouvir Cohen é encarar o improvável. Minha primeira vez é do tempo que assistia filmes. Esclareço. Não tenho mais paciência para filmes-cabeça-europeus. Nem adolescência para blockbuster de super-heróis. Nada mais infantil que marmanjo quarentão com camiseta do Capitão América.  Voltando. Uma balada triste, sombria, uma canção de amor. Oito minutos de transe hipnótico.





Em seguida um pop-setentista-perfeito: The Future. Um clássico power-pop. Ouça.


Da surpresa ao encantamento.

Passei a vasculhar tudo. Discotecas Básicas, entrevistas, reportagens... Na era pré-internet era assim: primeiro era feito um estudo sobre o artista, depois partia para a compra. Lembrando que CD sempre foi um artigo de luxo.

O esforço valeu a pena.

Comprei  Cohen Live. Outra bomba. Sem obviedades, sem concessões... com poucos refrões.  Valsas, poesia, sensibilidade. Um disco difícil. Arte Pura.



Já tinha ficado com raiva há uns dois anos quando um mauriçola qualquer cantou Hallellujah no The Voice. Mas tudo bem. O grande público merecia conhecer. Até que a música foi tema de um seriado da Globo. Qual o nome? Não lembro. Tudo bem... o programa era legal, música de qualidade para as massas, mas... e eu? Tenho que dividir com todo mundo? Fã é egoísta, quer que seu artista preferido fique pobre... pra ninguém conhecer.


Deixei a chatice de lado e entendi o óbvio: Leonard Cohen em uma cantata natalina escolar só podia ser milagre. Todos ali mereciam, mesmo que a maioria absoluta não tenha a menor idéia de quem seja o autor... Não importa. Talvez um ou dois daqueles adolescentes se interessem pela obra, baixem o disco, leiam o livro... e assim segue a vida.



Longa vida a Leonard Cohen que se junta a dois gigantes. Vai cantar Hallellujah com Prince e David Bowie, vai embalar festinhas de escola, programas de auditório, concurso de calouros (com nomes bacanas é verdade... mas apenas isso,), vai ser pop... vai emocionar o mundo.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

As Exorcitas: Ho, he, ho... Senhora Vanderbilt.

Sabe aquele momento que você descobre que não sabe nada de música nacional? Quando ouve uma maravilha perdida. Uma cover absolutamente sensacional de Paul McCartney... As Exorcitas! Quem? Não se preocupe, quase ninguém conhece... Ho, he, ho... Senhora Vanderbilt.

Melhores Shows da Vida: Ian McCulloch no Iate!


Não teve nenhuma grande divulgação.

Lembro de uma chamada curta no caderno Divirta-se do Correio Braziliense.

Uma foto e letras miúdas. Show dia 23/07/2004. Iate Clube.

Achei que fosse engano, liguei pra meu amigo Lúcio, The Passenger. Figurinha antenada, descolada e sombria, meio-londrina, meio-dark, meio-qualquer-coisa...

Show confirmado, The Passenger comprou os ingressos. O roteiro foi o seguinte: linha 600 até a Rodoviária. Depois táxi até o Iate. Nos entupimos de traçado, coquetel à base de cortezano, 51 e limão, servido à temperatura ambiente... uma bomba... alternávamos com cerveja. Também em temperatura ambiente. Não ia dar certo.

Na entrada, tipos e tipos esquisitos, éramos normais. Modelito tênis, calça jeans e camiseta. Não tínhamos cabelos pintados, nem pearcings, nem óculos fundos de garrafa, normais... por isso estranhos para os outros.

A produção do show era absolutamente caseira: fichinhas de cartolina e cervejas no isopor.

Quando Ian McCulloch entrou no palco, pontualmente às nove da noite, transformou o espaço em um templo. Alternávamos euforia e contemplação. A lenda bem ali: voz e violão!!! Não me lembro do set, apenas que mais de meia-hora o público assistiu sentado. Um amigo tocando violão prá nós. Era essa a sensação.

Killing Moon foi de lascar... the game.. the cutter... um clássico atrás do outro... quem não chorou no bis não era desse mundo. Lips Like Sugar com Phillipe Seabra. Nossa lenda local.

Uma hora e meia de pura magia. Quando terminou, todos saímos felizes... eufóricos, sorridentes, missão cumprida e  a certeza de ter visto o melhor show da vida!

Prá finalizar a noite, tomado de espírito de porco, virei para The Passenger e disse: vai rolar um metal-farofa no Gates!

Ele sorriu e topou!

Depois daquele show poderíamos ir prá qualquer lugar: cantamos Scorpions, Poison e Motley Crue até as três da manhã... Estávamos perdoados. Rock'n'roll na veia!!!



segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Discoteca Básica: Big Audio Dynamite - No. 10 Upping St.


Tinha por volta de 14 anos. Li na Bizz sobre o novo grupo de um ex-integrante do Clash, a lenda Mick Jones: Big Audio Dynamite. 
A notinha falava que era um pós-clash mais radical: tinha um DJ, reggae e  até samplers de Osmar Santos... A música homenageava Escadinha (pesquisem aí) e finalizava com a narração de um gol de Sócrates!

Não entendi nada é claro.
Mas virou uma obsessão. Precisava ouvir.
Não me lembro como, mas ganhei uma fita K-7 do disco Nº 10. Upping St. Fiquei perplexo: o som mais moderno que já tinha escutado até então: dançante, funk, pop-clashiano, reggae, punk-rock. Tinha de tudo.

Os fãs do Clash acharam um lixo. A crítica olhou de lado. Nem liguei... Virou meu disco predileto de toda a adolescência. Meus amigos roqueiros detestaram: não entenderam nada! Nem liguei, ouvia diariamente.

Minha fita se perdeu em alguma caixa em alguma mudança. A música continua espetacular: Tem o ragga divertido Ticket, o rap Sightsee MC (anos-luz à frente do Public Enemy), a clashiana V. Thirten, o pop radiofônico de C’mon Every Beat Box e a genial Sambadrome.


Ouçam!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Isley Brothers

O melhor da internet é permitir descobrir verdadeiras preciosidades musicais.

Comece o dia com muito groove. Ouça The Isley Brothers. Gigantes da soul music norte-americana. Por alguma ironia não tiveram o sucesso que mereciam no Brasil.

Para quem gosta de Earth, Wind & Fire e Kool & The Gang.

Baladas deliciosas alternam-se com funk's arrasa-quarteirão. Vocais sublimes e banda impecável.

Ótima receita para começar o dia.





segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Fred Astaire - Steppin Out (1952)

A música é surpreendente. Como levei  tanto tempo para descobrir essa maravilha?  Steppin Out de Fred Astaire!!! É jazz, é pop, é suave, é romântico...e é de 1952!!!



Um disco recheado de standarts, clássicos absolutos norte-americanos.

Ouça sozinho: apreciando cada nota, cada solo...

Ouça com seu amor: namorando, acompanhado por um bom vinho (tinto e seco por favor, não erre)...

Ouça com seus amigos: contando histórias, se divertindo com as sacadas geniais, provoque dizendo que Fred é melhor que Sinatra, que é o melhor disco de standarts de todos os tempos (o que não deixa de ser verdade).

Sozinho ou acompanhado, apenas ouça.



sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Grandes Discos Injustiçados do Pop Nacional: Vôo de Coração - Ritchie (1983)!!!

Alguns discos são injustamente esquecidos.

No começo dos anos 1980, um inglês lançou um dos álbuns de estréia mais sensacionais do pop nacional: Vôo de Coração. Era antenado com o que o cenário internacional tinha de mais moderno: gélida, climática, repleta de sintetizadores. Herdeiro direto do Roxy Music e do Duran Duran. Mais do que isso, tinha uma sequência de hits impecável: Pelo Interfone, Casanova, Preço do Prazer e o grande sucesso 'Menina Veneno'! Tocava em novela das oito e no Fantástico. Na ficha técnica uma equipe de respeito: Lulu Santos, Lobão, Liminha e Steve Hacket! 

Não era pouco, eram os melhores...

Explodiu de uma hora para outra. Não tem outra explicação, apenas explodiu. Combustão espontânea.O tipo de sucesso que não se consegue reproduzir em escala industrial.  

O lançamento foi antecipado por conta do estouro nas rádios do país todo. Lembro como se fosse hoje: minha irmã chega em casa com aquele disco completamente estranho. Mas incrivelmente pop! Ouvi umas quinze vezes seguida!

Ritchie sofreu do mesmo mal que acometeu o RPM: fez tanto sucesso, que ainda não se recuperou do vendaval. E já se vão trinta anos. Chegou chutando as portas do mercado nacional e foi completamente engolido. Menina Veneno teve quinhentas mil regravações, cafonas, bregas, insuportáveis, de Zezé de Camargo & Luciano a Restart. Daria tema para um livro: como transformar uma música sensacional em insuportável. 

Ouvir "Vôo de Coração" hoje é pura nostalgia. O disco ficou datado, envelheceu... Mesmo assim, recomendo a experiência, ouça sem preconceitos!